Como comecei a pedalar aos 55 anos e mudei minha vida. Sempre ouvi que a vida pode dar voltas inesperadas — mas jamais pensei que uma bicicleta se tornaria o marco decisivo na minha jornada. Aos 55 anos, após inúmeras experiências, desafios superados e conquistas discretas, foi ao pedalar que descobri um novo propósito para os meus dias.
Por um longo período, acreditei que era tarde demais para iniciar algo novo. No entanto, dentro de mim existia um desejo silencioso de redescobrir leveza, bem-estar e liberdade. Foi então que optei por me oferecer uma nova oportunidade: a oportunidade de me transformar sobre duas rodas (ou três, no meu caso).
Caso você pense que já está velho demais para transformar sua vida, esta história pode servir como motivação. É possível que você perceba, assim como eu, que nunca é tarde para iniciar um novo capítulo — e que sentir o vento no rosto pode ser o mais indicativo de que estamos realmente vivos.
2. O ponto de virada: por que decidi começar a pedalar
A escolha de iniciar a prática do ciclismo não foi repentina. Ela se desenvolveu gradualmente, nutrida por um conjunto de fatores: a fadiga da vida diária, a necessidade de zelar pela saúde e um intenso anseio de redescobrir a felicidade.
Meu corpo já estava clamando por cuidados: minha energia havia diminuído, as dores estavam se tornando uma constante, e emocionalmente eu me sentia desmotivada, como se simplesmente estivesse “sobrevivendo”. Foi então que percebi que era necessário promover uma transformação — não no exterior, mas internamente.
Passei a notar como os ciclistas aparentavam estar livres. Observava famílias pedalando juntas, senhores sorridentes em suas bicicletas, e mulheres como eu enfrentando o vento com tranquilidade. E me questionei: por que não eu?
Entretanto, ao lado da vontade, surgiram os receios: — Será que sou capaz? — Já não sou muito velha para isso? — E se eu tropeçar? — E se zombarem de mim?
Essas incertezas tentaram me impedir — mas optei por superá-las. Não agi de forma apressada. Iniciei com bravura. E essa decisão foi o que fez toda a diferença.
3. Os desafios do início
Iniciar a atividade de pedalar aos 55 anos não foi tão fácil quanto aparenta. O principal obstáculo, na verdade, não era o aspecto físico — mas sim o emocional. O temor do olhar alheio parecia mais pesado do que a própria bicicleta. Eu sentia medo de ser analisada, de me sentir fora do lugar, de não ter o “corpo ideal para ciclismo”. Com frequência, eu me boicotava com pensamentos do tipo: “isso não é adequado para mim”.
Além disso, havia um temor genuíno de tombar, me ferir ou falhar em manter o equilíbrio. Por conta da prótese na perna, eu percebia a importância de buscar uma alternativa segura e adaptada às minhas necessidades. Foi nesse contexto que o triciclo se apresentou como a resposta — ele trouxe a confiança necessária para avançar e pedalar sem receios.
No princípio, também enfrentei desafios tangíveis:
- Como escolher a bicicleta certa?
- Onde adquirir os acessórios adequados?
- Como regular a altura do assento ou enfrentar a fadiga nos primeiros momentos da pedalada?

Cada pequeno desafio parecia enorme… até que eu o superasse. Com o tempo, fui adquirindo conhecimento. Buscava respostas, investigava, cometia enganos e fazia ajustes. A cada movimento da bicicleta, percebia que uma nova parte de mim se revitalizava.
Neste momento, ao refletir sobre o passado, percebo que essas dificuldades foram, de fato, fases que me tornaram mais forte. Cada receio enfrentado me proporcionou mais bravura para continuar. E foi gratificante.
4. A descoberta do prazer em pedalar
No começo, minha meta era simples: dar uma volta no quarteirão sem me sentir cansada ou insegura. E quando consegui, senti uma alegria que há tempos não experimentava. Aquela pequena conquista foi enorme pra mim. E logo vieram outras: uma rua a mais, depois duas, até chegar ao parque da cidade.
A cada volta nos pedais, uma nova emoção surgia. A sensação de liberdade que experimentava era quase indescritível — parecia que eu estava reencontrando uma parte de mim que tinha sido deixada para trás. Com o vento acariciando meu rosto, o corpo em atividade e a mente tranquila, percebi que andar de bicicleta significava muito mais do que apenas um treino: era a vida voltando a vibrar.
O triciclo se tornou um grande companheiro nessa jornada. Ele me proporcionou apoio, segurança e ajudou a restaurar minha confiança no meu corpo. Com ele, tive a oportunidade de descobrir novos locais, observar as calçadas, as pessoas ao redor e a natureza. Comecei a notar pormenores que antes não percebía.
Encontrei pessoas, compartilhei sorrisos e recebi apoios de estranhos que me observavam. A bicicleta, ou mais precisamente, o triciclo, redirecionou minha conexão com a vida — e, acima de tudo, comigo mesma.
5. Benefícios físicos e emocionais
Com o passar do tempo, as vantagens de andar de bicicleta começaram a se manifestar tanto no meu corpo quanto na minha mente. Gradualmente, percebi o fortalecimento físico — minhas pernas ficaram mais robustas, a respiração se tornou mais fácil e a energia para enfrentar as tarefas diárias cresceu.
Entretanto, o que realmente me impressionou foram as repercussões emocionais. Andar de bicicleta trouxe de volta uma sensação que eu mal notava que tinha desaparecido: a liberdade. Experimentar a capacidade de sair sozinha, me deslocar e descobrir o mundo à minha volta com segurança foi uma mudança significativa. Era como se eu estivesse me afirmando: “você ainda é capaz, você continua viva e em movimento.”

Minha autoconfiança passou por uma transformação. Comecei a me observar no espelho com mais apreciação, sentindo-me mais habilidosa, mais atraente e mais completa. Meu estado emocional se elevou, o que trouxe melhorias nas interações com meus familiares. Com isso, passei a sorrir mais, dialogar mais e me envolver mais. Minha rotina, que antes era tão entediante, agora se encheu de vivacidade e energia.
Atualmente, a bicicleta representa muito mais do que uma simples forma de locomoção ou atividade física. Ela se tornou um ícone de superação, autonomia e atenção ao meu bem-estar.
6. O que aprendi com a bicicleta
A bicicleta me proporcionou ensinamentos que nenhuma leitura ou conferência conseguiria compartilhar de forma tão genuína. A cada volta nos pedais, absorvi lições sutis — sobre quem sou, sobre a passagem do tempo e sobre a existência.
Descobri a importância de continuar mesmo nos momentos desafiadores, quando meu corpo estava exausto ou a motivação parecia distante. Compreendi a necessidade de ser paciente, pois o avanço nem sempre acontece de forma imediata, mas acaba surgindo. Passei a valorizar o agora, percebendo a brisa, escutando os ruídos ao meu redor e respirando com consciência — algo que eu havia negligenciado por um bom tempo.
O uso da bicicleta me mostrou a importância de reconhecer meus limites, aprendendo que não preciso dar satisfações a ninguém. Entretanto, ao mesmo tempo, ela me ensinou que é possível me desafiar, ultrapassar a zona de conforto e avançar, um pequeno passo de cada vez.
Atualmente, percebo que andar de bicicleta representa de maneira ideal a existência: é necessário manter o equilíbrio para avançar, ter dinamismo para evitar quedas e possuir bravura para recomeçar a cada vez — mesmo após interrupções, dificuldades ou receios.
7. Dicas para quem quer começar depois dos 50
Se eu tivesse a oportunidade de passar uma mensagem para aqueles que estão considerando iniciar a prática de ciclismo após os 50 anos, diria o seguinte: você é capaz, e certamente se impressionará com as experiências que poderá desfrutar.
Entretanto, é essencial iniciar de maneira cautelosa, levando em consideração seu próprio tempo e as necessidades do seu corpo. Não se apresse. Inicie com trechos curtos e em terrenos planos. Cada volta ao redor do quarteirão representa uma conquista. Aumente gradualmente, no seu próprio compasso, sem medir seu progresso em relação a outras pessoas.
Aposte em acessórios que se adequem ao seu corpo e às suas exigências. Um assento ergonômico, um capacete leve e uma bicicleta ou triciclo que ofereçam segurança são essenciais. E não se esqueça: o que realmente conta não é o tipo, mas a confiança que ele proporciona.
Procure suporte emocional e prático. Dividir essa jornada com familiares, amigos ou grupos de ciclistas pode ser extremamente benéfico. E se não houver ninguém próximo, saiba que há blogs como este, criados com dedicação, onde você pode descobrir motivação e informações confiáveis.

Iniciar algo novo após os 50 anos não é tardio — é apenas mais uma demonstração de que a vida pode ser sempre reestruturada.
Iniciar a prática de pedalar aos 55 anos representou, para mim, um gesto de bravura e, ao mesmo tempo, de valorização pessoal. Diante dos receios, das dificuldades e das dúvidas, encontrei uma nova forma de viver — com mais atividade física, melhor saúde, uma conexão mais intensa com o mundo e, principalmente, uma dose maior de felicidade.
A bicicleta me mostrou que recomeçar sempre é possível, independente da idade. Ela me ensinou que o tempo e o corpo podem ser aliados, não barreiras. O vento que sinto no rosto tem o poder de curar feridas ocultas. E a liberdade se encontra em cada trecho do caminho, sempre que decidimos dar o primeiro passo — ou, mais precisamente, a primeira pedalada.
🚴♀️ E você, tem interesse em iniciar a prática de pedalar? Compartilhe suas perguntas, receios ou experiências nos comentários. Talvez este seja o começo da sua própria trajetória sobre duas rodas!